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Foto do escritorJoaquim Nogueira de Almeida

A ENGENHARIA NO TURISMO NA ÉPOCA PÓS-PANDEMIA


A ENGENHARIA É FEITA DE MATEMÁTICA, FISICA, TENTATIVA E ERRO E MUITO ENGENHO, SEMPRE PARA ACRESCENTAR VALOR ÀS REALIZAÇÕES E NECESSIDADES ACTUAIS.


O artigo original deste artigo foi feito em Fevereiro de 2020 num convite lançado pela revista Anteprojectos. Desde essa altura, em que o turismo estava completamente fechado, até à situação actual em que os hotéis, alojamentos locais e restaurantes estão em pleno funcionamento, condicionados muitas vezes à apresentação de um Certificado Digital que ateste a capacidade de conviver sem ser uma ameaça de contágio, passou-se um ano e meio.

A vacinação em massa da população parece indicar que a normalidade pré covid-19 estará para brevemente ser uma realidade e por isso julgo que muitas das lições sobre a utilização dos espaços nos edifícios serão rapidamente esquecidas e tudo voltará ao mesmo do costume.

No entanto, há segundo vários especialistas, risco de haver outras pandemias no futuro e todo este comportamento "anormal" terá de novo ser implementado.

Ora, com a previsão do acelerado crescimento das cidades, dos aglomerados urbanos e do turismo, a próxima pandemia terá um campo ainda mais fértil de propagação que esta por que estamos a passar.


Como técnicos responsáveis pela concepção e construção de edifícios, os Engenheiros são eticamente responsáveis por aconselhar e promover a implementação de novas "regras" de forma a diminuir o potencial de contaminação na utilização dos edifícios.

Será que somos capazes?

Será que temos força para impor as necessárias mudanças nas normas e leis?

Quero acreditar que sim, mas infelizmente suspeito que não.


Agora o artigo de Fev 2020.

O lugar comum de que o turismo decresceu enormemente na fase de pandemia e que isso tem um efeito imediato no abrandar da realização de hotéis, loteamentos turísticos, restaurantes, bares e discotecas, não chega para olharmos para o futuro desta profissão que é a de conceber e construir o mundo.

Temos uma situação que tem novas exigências na forma de como vivemos em sociedade, mas se refletirmos bem, verificamos que temos tido igualmente desde há muito tempo outras doenças contagiosas já mais normalizadas no nosso dia a dia e que não nos empurraram para mudanças radicais. Talvez seja esta a oportunidade de vencer a inércia e aproveitar para uma mudança mais ágil na forma de abordar a cidade, as infraestruturas e os nossos lares.

A ideia chave é a de “evitar contactos pessoais intensos”, ou seja, temos de repensar na densidade populacional nas cidades, densidade de utentes nas áreas publicas como nos aeroportos, hotéis, salas de espetáculos, museus, transportes, escritórios, etc.

A criação de explorações turísticas de menor densidade, como os eco-resorts, turismo rural, turismo balnear de baixa densidade irão certamente ser os próximos objetivos dos investidores turísticos. Mas, muitas medidas práticas de projeto podem ser implementadas para abrandar a propagação de doenças no futuro.

  • Flexibilização de espaços, de modo a que ambientes como hotéis, centros de conferencias, de espetáculos e espaços comunitários sejam projetados, como já o foram muitas vezes, para serem facilmente modificados em instalações médicas de emergência caso seja necessário. Maior flexibilidade e agilidade inerentes ao design e layout dos espaços.

  • Implementar novos padrões de ocupação de espaço que permitam o distanciamento social no local, as áreas de espera em hotéis, aeroportos e locais de atendimento podem ser maiores para permitir maior distância entre os assentos.

  • Maximizar os interfaces digitais para tornar menos passiveis de contágio pessoal os serviços de check-in e check-out, distribuição de alimentos, bens e serviços, estruturando um sistema ágil, capaz de substituir os métodos tradicionais de distribuição quando necessário.

  • Desenvolvimento e implementação de tecnologia sem toque, em elevadores, portas, etc.

  • Maior espaçamento dos assentos em aviões e outras opções de transporte publico.

  • Implementação de sistemas de desinfeção rápida, para autocarros, táxis, comboios, metros, etc

  • Zonas públicas em geral e nas zonas turísticas em particular, com mais áreas disponíveis no apoio à higiene tais como locais públicos de lavagem das mãos, chuveiros comunitários, padrões mais elevados para o design e manutenção das casas de banho publicas.

  • Sistemas de AVAC separados por mais sectores independentes para diminuir o risco de contágio e até com a implementação de sistemas de higienização do ar reciclado com sistemas de ultravioletas, ozono, etc. Aumentar a taxa de renovação ar é também uma medida fácil de executar.

  • Implementação na construção de paredes e superfícies mais fáceis de limpar, sejam por ser mais “aerodinâmicas” que evitem saliências e cantos de difícil acesso, ou com materiais que possam resistir a serem limpos com produtos químicos desinfetantes. Limitação de utilização, especialmente de ocupação publica, de materiais absorventes como tecidos, alcatifas, painéis acústicos, etc.



Estas são sugestões fáceis de implementar. Outras mais profundas como a reformulação das nossas infraestruturas para facilitar sistemas de teletrabalho, a agilização na mobilidade sustentável das pessoas, a reciclagem do nosso “lixo” e a implementação mais rápida de sistemas não poluentes, terão a médio e longo prazo um resultado evidente na redução de contágios de qualquer doença, permitindo que o turismo possa regressar e ultrapassar os 10% de importância na economia mundial que tinha em 2019.


A Engenharia é e continuará a ser essencial para esta mudança.


Joaquim Nogueira de Almeida



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