Os grandes empreendimentos, a indústria, as redes de água exigem constantes deslocações, que, face ao compromisso da sustentabilidade dessas operações de controlo, distribuição e operação obriga aos esforços de transição para a mobilidade elétrica, que quando associada à produção própria de energia renovável só traz vantagens ao nível tecnológico, económico, social e ambiental.
Esta nova realidade exige a mudança de paradigma centrado na mobilidade sustentável de quem mais precisa de se movimentar, com longos kms percorridos todos os dias. Esta mudança deve ser seguida pela indústria e serviços, ainda mais significativamente do que propriamente pela população em geral, porque exige parques específicos de carregamento de frotas, que possam ter algum período de paragem para o efeito. Como forma de avaliação tome-se o exemplo apresentado pela frota da EDIA, que tem 77 carros e consome anualmente cerca de 200 mil litros de gasóleo, sendo que a energia contida neste volume de combustível é de cerca de 2,2 GWh, o que bastaria ter uma potência instalada da ordem dos 400 kW em energia fotovoltaica para o alimentar.
Por exemplo na rede eléctrica nacional, num posto de carregamento rápido (50 kWh), este pode carregar 80% da bateria em menos de uma hora.
Os postos de carregamento normal da rede pública, começaram a ser pagos em julho de 2020, em linha com as estações de serviço, onde os carregamentos, sejam normais ou rápidos, que também são pagos. O preço total a pagar por um carregamento inclui a tarifa da energia, paga ao comercializador de energia de mobilidade elétrica, a tarifa pela utilização do posto de abastecimento, paga ao Operador do Ponto de Carregamento, e respetivos impostos (IEC e IVA). O valor final varia de acordo com o comercializador e operador escolhido para o carregamento. No entanto, todos estes valores são cobrados mensalmente.
Se optar por carregar em casa, vai notar uma ligeira diferença na fatura da eletricidade, mas inferior aos custos com o abastecimento com combustíveis fósseis. Considerando que o custo médio do kWh em Portugal é de 0,2€/kWh, dependendo do tipo de carregamento, eis quanto lhe pode custar carregar um carro elétrico.
Carregamento em casa com tarifa bi-horária (vazio): 2€/100 km
Carregamento em casa com tarifa simples: 3€/100 km
Carregamento em Posto de Carregamento Rápido: 6€/100 km
Podendo-se afirmar que para percorrer 500 km gastaria entre 10€ e 30€ dependendo do tipo de carregamento utilizado, intensidade da corrente utilizada o que acarreta algum tempo de espera maior ou menor consoante o tipo de carregamento.
Contudo é interessante comparar que um carro híbrido ou de combustíveis fósseis da nova geração, que faça 5 l/100 km o custo seria da ordem dos 6 a 8€/100 km com alguma semelhança ao custo de carregamento rápido, isto pensando que nem sempre se dispõe de tempo de espera para executar o carregamento, disponibilidade de carregamento, que pode estar ocupado o ponto de entrega, exigindo uma ampliação da rede de carregamento, quando se pensa na mobilidade eléctrica generalizada.
É interessante pensar que existem micro-hídricas até 100 kW de potência instalada, o que na sua característica de descentralização possível aplicadas às redes do sector da água (abastecimento, drenagem, indústria) seria uma vantagem acrescida de instalar postos de carregamento enquanto se abastece água às populações, podendo além de complementar a rede de carregamento automóvel, incluir a de bicicleta, em parques de carregamento de bicicletas em zonas urbanas.
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Helena M Ramos
Professora no IST Técnico Lisboa
Departamento de Engenharia Civil, Arquitectura e Georrecursos (DECivil), CERIS, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa;
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