AS CIDADES JÁ SÃO BASTANTE INTELIGENTES, MESMO QUE QUASE NÃO POSSUAM A CAPACIDADE DE FUNCIONAR COM SISTEMAS DE DESPERDÍCIO ZERO, ENERGIA AUTÓNOMA OU RECURSOS EFICIENTES, MAS O PONTO PRINCIPAL É QUE QUANDO FALAMOS SOBRE CIDADES INTELIGENTES, NÃO SOMOS INTELIGENTES SE NÃO ESTIVERMOS TODOS ENVOLVIDOS.
As cidades são historicamente a concentração da cultura e da capacidade inventiva humana. Nas áreas urbanas, encontramos a maior parte da inovação e os principais locais do nascimento da cultura e das tecnologias mais avançadas da humanidade.
A amalgama de diferentes grupos de pessoas que vivem, trabalham, convivem, e se divertem neste espaço fazem a cidade e são eles a sua essência. Juntos, eles criam um rico tecido social que transcende edifícios, ruas e serviços para formar uma cultura, uma identidade. Até aqui nada de novo para os urbanistas e para os gestores das cidades, a necessidade de manter fortes relações entre cidadãos, redes de vizinhança, autoridades governamentais e empresas privadas, é que dão vida às cidades. No entanto, com muita frequência, os esforços para as Smart City concentram-se em sistemas e tecnologias projectados para a eficiência de cima para baixo, sem integrar plenamente as perspectivas das pessoas cujas vidas serão afectadas.
No entanto, as cidades são o mais bem-sucedido sistema de apoio à vida e abundante do planeta. As cidades já são bastante inteligentes, mesmo que quase não possuam a capacidade de funcionar com sistemas de desperdício zero, energia autónoma ou recursos eficientes. É a promessa de dominar estas deficiências nas nossas cidades, por meio da tecnologia, que é o aspecto mais atraente de uma Cidade Inteligente.
Mas o ponto principal é que, quando falamos sobre Cidades Inteligentes, não somos inteligentes se não estivermos todos envolvidos. E para termos uma Cidade Mais Smart precisamos de Cidadãos Mais Felizes e Participativos.
A economia mundial deverá mais do que duplicar até 2050, superando em muito o crescimento populacional, sem duvida devido às contínuas melhorias de produtividade, impulsionadas pela tecnologia da Inteligência Artificial, da Robotização e de uma imensa partilha da informação e do conhecimento.
A urbanização acelerada é uma das forças mais importantes que afectam o mundo de hoje. Os números são reveladores, cerca de 1,3 milhões de pessoas mudam-se para as cidades em cada semana. Com este fluxo, 65% da população mundial irá morar numa cidade até 2040. Mas ainda mais surpreendente é que 90% desse crescimento populacional urbano ocorrerá na África e na Ásia. Hoje, o nosso globo tem 21 megacidades, cada uma com mais de 10 milhões de habitantes, não obstante de em 1975, esse total era de apenas de 3 cidades. A urbanização está a criar grandes proveitos e os 600 principais centros urbanos geram aproximadamente 60% do PIB mundial, e esse número só vai continuar a crescer à medida que mais pessoas se mudam para as cidades.
Este crescimento das cidades acontece em simultâneo com outras mudanças como as mudanças climatéricas, a desigualdade de renda, a migração voluntária e involuntária, uma mudança de poder económico do ocidente para o oriente bem como os avanços tecnológicos incrivelmente rápidos. Os governantes nas economias avançadas e em desenvolvimento estão a lutar para enfrentar esses desafios. Porém, há um aspecto das cidades inteligentes que muitas vezes não é focado e que são os cidadãos. Em particular, destaco algumas áreas em que as cidades precisam de se focar nas pessoas, se quiserem ter sucesso no futuro.
O Elemento Humano.
O nosso nível de conectividade e a velocidade da mudança tecnológica sobrecarregam e confundem a nossa mente. Chegamos a um ponto em que precisamos de reavaliar como interagimos uns com os outros, o que valorizamos, como trabalhamos e como nos vemos. A privacidade, o consumo, a propriedade e as interacções humanas são apenas algumas das questões fundamentais afectadas. O planeamento inteligente das cidades inteligentes inclui o reconhecimento da necessidade de que todos temos de respirar ar saudável, desfrutar de espaços verdes e ter interacções pessoais que nos satisfaçam.
A Educação
As cidades inteligentes devem aumentar a sua capacidade intelectual.
Para que as cidades sejam verdadeiramente inteligentes, o tecido urbano precisa ser tão inteligente e conectado quanto a infraestrutura. As cidades são actualmente o motor de desenvolvimento do nosso mundo e manter os melhores talentos no motor das nossas cidades criará oportunidades para as quais não nos podemos dar ao luxo de perder.
Os futuros trabalhadores
Os melhores talentos do futuro irão ter em consideração a mobilidade, flexibilidade e conectividade, enquanto elementos-chave do seu ambiente de trabalho e das suas vidas pessoais. Estas preocupações já dizem respeito aos membros da geração “millennials” e devemos esperar que as futuras gerações de trabalhadores continuem a privilegiar estas prioridades. A mobilidade de talentos revelou que os níveis de transferência aumentaram em 25% na última década e espera-se que essa mobilidade cresça aproximadamente 50% até 2020. As cidades que facilitem e implementem estas prioridades, serão as cidades de atracção para os talentos. Padrões eficientes de transito, grande disponibilidade de banda larga, habitação disponível perto dos eixos principais de transportes bem como bairros que incluam todas as comodidades, vão incentivar as pessoas mais brilhantes a optarem por estes centros urbanos.
Sentido de lugar
Não queremos viver numa cidade onde estamos constantemente a olhar por cima do ombro, preocupados com o crime e a insegurança. Com o aumento da população urbana o risco de insegurança também aumenta. Por isso, a questão é como resolver este problema de intrusão sem a perda de privacidade? O controlo digital do Big Brother e a invasão do nosso espaço pessoal será cada vez maior. Teremos de encontrar o equilíbrio entre a perda de privacidade e a garantia da segurança, sabendo que em termos urbanos não há uma sem a outra.
O Cidadão no centro
Uma cidade inteligente não pode somente implicar uma implementação de tecnologia, mas sim contemplar um ambicioso plano de comunicação, partilha e inclusão dos cidadãos para que conheçam e comecem a utilizar os serviços que são oferecidos. Os gestores das cidades precisam de escutá-los, como também de colocar à disposição todos os meios necessários para que os habitantes possam transmitir as suas percepções e participar activamente na gestão.
Se uma cidade inteligente não mobilizar a inteligência dos seus cidadãos, então, não será muito inteligente, apenas será a implementação de sistemas tecnológicos.
Joaquim Nogueira de Almeida
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